Provei Pra Todos Que Minha Deficiencia Nao Me Limita Historias De Ter A Pia 185

A Filó foi uma das crianças vítimas da epidemia poliomielite há mais de 50 anos. Foram 60 anos sentindo na pele o preconceito e o descaso contra pessoas com deficiência, onde ela teve que engolir muito sapo para poder se encaixar. Hoje ela sabe o que é o amor e o respeito de verdade por conta da família que ela criou.

A paralisia infantil afetou principalmente as pernas da Filó e ela passou por inúmeras cirurgias ainda muito pequena. Na infância, sua deficiência afastava os coleguinhas de escola, que a ignoravam nas festinhas. Além disso, o próprio colégio não tinha acessibilidade (algo comum ainda nos dias de hoje) e ela não participava sequer dos recreios.

Por conta dessa rejeição, a Filó era muito próxima dos seus pais. Infelizmente, a vida se encarregou de tirá-los dela muito cedo. O pai faleceu num acidente de carro e a mãe, um ano depois, por conta de um infarto.

Pela família a Filó nunca ficou desassistida. Os irmãos cuidaram dela enquanto ela era menor de idade, e logo que ela ficou adulta foi resolver sua vida. Ela se formou, casou e decidiu que queria ser mãe. Mas ela percebeu que não engravidava de jeito nenhum. Em consultas e exames médicos, foi descoberto que indiretamente a poliomielite interferia em seu sistema reprodutivo, mas era algo reversível.

Um mês depois de descobrir o motivo de não engravidar, ela fica grávida do seu primeiro filho. A sensação era maravilhosa, mas ela voltou a encarar o preconceito que havia ficado na adolescência. Uma vez, uma senhora perguntou se ela aguentaria chegar até o fim da gravidez, por conta da sua deficiência física.

Naquele momento a Filó decidiu que iria provar (não que precisasse) para ela e para todo mundo que nada impediria ela de ser mãe ou de fazer qualquer outra coisa. Logo na sequência do primeiro filho a Filó engravidou de novo e seguiu sua vida. Sempre engolindo alguns sapos por ser uma pessoa com deficiência.

Refletindo sobre seu passado, hoje ela percebe que muitos colegas de trabalho durante toda sua vida sempre faziam brincadeirinhas, como pedir para ela correr ou algo parecido, sabendo que a deficiência física dela era justamente nas pernas. Isso sempre a magoou, mas para não gerar conflitos ela engolia. Naquela época não era comum falar sobre capacitismo.

Por mais que em casa a deficiência da Filó nunca tenha sido um problema, na rua as coisas eram constrangedoras. Um motorista de ônibus já chegou a falar que ela atrasava todos os passageiros porque demorava para subir os degraus.

Dos comentários sutis, velados, aos ataques bem diretos, a Filó tentou sempre evitar os confrontos, mesmo sabendo que aquilo a machucava. Tudo era esquecido dentro de casa, ali era seu porto seguro, e sempre será.

Já aposentada, a Filó descobriu a Síndrome Pós-Poliomielite, que enfraquece os músculos das pessoas que contraíram o vírus a 15 anos ou mais. Com isso, ela que sempre andou, mesmo com a ajuda dos aparelhos, optou por mais conforto numa cadeira de rodas, que foi decorada especialmente para ela pelo seu marido, que é professor de educação artística.

Hoje ela planeja sua mudança para a Bahia, onde vai passar o resto da sua vida acompanhada do Vlad, seu marido, numa casa feita pelos dois e totalmente acessível para ela. Por mais que houveram pedras no caminho, a Filó sabe que sua família é seu porto seguro e onde ela é feliz, sem distinção alguma.

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