Desde o início da pandemia do SARS-CoV-2, cientistas e médicos já previam que o Coronavírus afetaria mais mulheres grávidas que as não grávidas. Diversos estudos relataram as complicações decorrentes da COVID-19 em gestantes. Um dos principais deles, feito nos EUA, envolveu mais de 400 Mil mulheres com diagnóstico de COVID-19, sendo 23.500 grávidas e mais de 380 Mil não grávidas. Comparando o quadro clínico de ambos os grupos, foi possível concluir que as gestantes possuíam 3 vezes mais risco de serem internadas em UTI e de precisarem de respiradores invasivos. Naturalmente, o risco de óbito foi 1,7 vezes maior nas grávidas. Apesar desse grupo de mulheres estar em maior risco, os estudos clínicos das vacinas contra o Coronavírus não incluíram gestantes. Desse modo, existem poucas informações a respeito da vacinação durante a gravidez. De maneira geral, as vacinas que são menos recomendadas para gestantes utilizam a tecnologia de vírus vivo atenuado, uma vez que eles são capazes de se replicar no corpo (não há riscos aumentados, essa é apenas uma precaução). Assim, como todas as vacinas aprovadas contra o novo Coronavírus não se replicam, não há potenciais riscos em relação a reações adversas. Um estudo feito com as vacinas da BioNTech/Pfizer e Moderna, também feito nos EUA, envolveu mais de 12 Mil gestantes que receberam as duas doses. Os efeitos colaterais tiveram níveis similares entre grávidas e não grávidas, sendo mais frequentes após a segunda dose. Além disso, em 827 mulheres que tiveram a gestação acompanhada até o final, a frequência de aborto espontâneo, natimortos, prematuros, tamanho menor que o esperado, problemas congênitos e morte após 1 mês não foram maiores que os registrados em grávidas no período anterior à pandemia. Não houve riscos aumentados nos diferentes estágios da gravidez. Considerando isso, agências reguladoras dos EUA e Reino Unido recomendam dar preferência a essas vacinas de RNA para gestantes até que os estudos com as outras vacinas sejam finalizados. Contudo, caso apenas outras vacinas estejam disponíveis, não há restrições para vacinação. No Brasil, o Ministério da Saúde incluiu gestantes e mulheres no período pós-parto como grupo prioritário. A recomendação é que gestantes com comorbidades (confira a lista abaixo), ou que estejam mais expostas, sejam vacinadas antes. Levando em conta os dados até o momento, não há sinais de riscos de outras vacinas, como a de Oxford AstraZeneca ou CoronaVac, terem problemas em grávidas. Finalmente, a decisão de tomar a vacina ou não, independentemente da tecnologia, deve ser tomada pela gestante de modo conjunto com profissionais de saúde. Assista ao vídeo e saiba tudo sobre os estudos de COVID-19 e vacinas em gestantes.

Lista de comorbidades de acordo com o Ministério da Saúde:
• Doenças Cardiovasculares
• Insuficiência cardíaca (IC)
• Cor-pulmonale (alteração no ventrículo direito) e Hipertensão pulmonar
• Cardiopatia hipertensiva
• Síndromes coronarianas
• Valvopatias
• Miocardiopatias e Pericardiopatias
• Doença da Aorta, dos Grandes Vasos e Fístulas arteriovenosas
• Arritmias cardíacas
• Cardiopatias congênitas no adulto
• Próteses valvares e dispositivos cardíacos implantados
• Diabetes mellitus
• Pneumopatias crônicas graves
• Hipertensão arterial resistente (HAR)
• Hipertensão arterial - estágio 3
• Hipertensão arterial - estágios 1 e 2 com lesão e órgão-alvo e/ou comorbidade
• Doença Cerebrovascular
• Doença renal crônica
• Imunossuprimidos (transplantados; pessoas vivendo com HIV; doenças reumáticas em uso de corticoides; pessoas com câncer).
• Anemia falciforme e talassemia maior (hemoglobinopatias graves)
• Obesidade mórbida
• Cirrose hepática

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Fontes:
nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMoa2104983?articleTools=true
cdc.gov/mmwr/volumes/69/wr/pdfs/mm6944e3-H.pdf
cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/vaccines/recommendations/pregnancy.html
rcog.org.uk/en/guidelines-research-services/coronavirus-covid-19-pregnancy-and-womens-health/covid-19-vaccines-and-pregnancy/covid-19-vaccines-pregnancy-and-breastfeeding/
gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/gestantes-puerperas-e-lactantes-saude-orienta-vacinacao-contra-a-covid-19-para-mulheres-de-grupos-prioritarios

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